SMCJF sedia reunião para discutir segurança dos médicos nas unidades de saúde de Juiz de Fora

Na tarde desta segunda-feira, dia 1º de julho, a Sociedade de Medicina sediou uma reunião com representantes do CRM-MG, Prefeitura, Guarda Municipal, Sindicato dos Médicos e Conselho Municipal de Saúde para discutir medidas a serem tomadas para garantir maior segurança para os profissionais que atuam nas unidades de saúde do município. A reunião, em caráter de urgência, foi motivada pela agressão à médica Carla Helena Honório Costa, 55 anos, dentro da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Bairro Furtado de Menezes no dia 25 de junho. Ela teve traumatismo craniano, enfisema no tórax e ferimentos no rosto e no braço e ficou internada no Hospital da Unimed desde o dia da agressão, tendo alta no dia 1º.

Segundo a médica agredida, a paciente havia sido atendida no dia anterior e exigido a prescrição de medicação venosa, em vez da oral que havia sido prescrita inicialmente. Como esse tipo de medicação não poderia ser ministrada na UBS, a paciente foi orientada a procurar o Hospital de Ponto Socorro (HPS). No entanto, como a médica esqueceu de colocar a data na receita. Por causa disso, a equipe do HPS não pôde aplicar a medicação, orientando a paciente a retornar à UBS para que a médica acrescentasse a data. O delegado do CRM-MG em Juiz de Fora, José Nalon de Queiroz, esclareceu que a recusa foi motivada por segurança, já que o tipo de medicamento prescrito poderia causar riscos à saúde da paciente caso fosse aplicado fora do prazo recomendado.

No dia da agressão, a paciente já apresentava comportamento agressivo na recepção da unidade de saúde.Durante a consulta, ela teria questionado algumas orientações da profissional e se irritou com a ausência de uma data na receita, o que teria motivado seu retorno à unidade de saúde. No momento em que a médica chamava uma colega para avaliar o prontuário, a paciente teria jogado a vítima contra a parede e iniciado as agressões.

“Foi muito chute, principalmente na cabeça e no tórax, e vários golpes com a pedra. Quando as meninas conseguiram me tirar do chão, o meu nariz sangrava muito e eu corri para a recepção. Ela continuou gritando falando que ia matar quem quer que fosse e quando ela me viu atrás do vidro, pegou o capacete e quebrou o vidro, que quebrou todo na minha cabeça. Ela só foi embora quando alguém gritou que havia chamado a polícia”, relembrou Carla.

Além do Presidente da SMCJF, Luiz Antônio Avelar, que também estava representando o Presidente da Associação Médica de Minas gerais (AMMG), Fábio Augusto de Castro Guerra, e do Tesoureiro da SMCJF, Luiz Antônio Leonel, estiveram presentes na reunião representantes do CRM-MG, a Subsecretária de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Juiz de Fora, Marcilene Chaves da Costa, o Presidente do Sindicato dos Médicos de Juiz de Fora e Zona da Mata (SINDMED-JF), Gilson Salomão Júnior, o Comandante da Guarda Municipal de Juiz de Fora (GMJF), Leandro Lisboa Barros, o Guarda Municipal, Fábio Calais, o Presidente do Conselho Municipal de Saúde de Juiz de Fora, Jorge Gonçalves Ramos, a Secretária Executiva do Conselho Municipal de Saúde e integrante do Conselho Regional de Saúde – Região Sanitária 12, Lucileia Delfino, e a supervisora da UBS Borboleta e integrante da Comissão Médica, Delaine La Gatta Carminate. Do CRM-MG, estiveram presentes os conselheiros José Nalon de Queiroz (delegado de Juiz de Fora), Cícero de Lima Rena (delegado de Juiz de Fora e membro da Academia Mineira de Medicina), Carlos Magno de Oliveira Santos (delegado de Barbacena e delegado da AMMG), Samuel Pires de Moraes Teixeira (Diretor de Campanhas do SinmedMG) e Rinaldo Moreira, gerente de fiscalização do CRM‑MG.

O Presidente da SMCJF, Luiz Antônio Avelar, questionou a Subsecretária de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Juiz de Fora, Marcilene Chaves da Costa, e o Comandante da Guarda Municipal de Juiz de Fora, Leandro Lisboa Barros, sobre as atitudes que estão sendo tomadas pela Prefeitura para que o ocorrido não se repita. A possibilidade de presença constante de guarda municipais em todas as unidades da cidade durante todo o horário de funcionamento foi uma das principais sugestões apresentadas na reunião, mas, segundo o Comandante, não há efetivo para tanto no momento. Seria necessária a abertura de concurso para novas contratações.

Segundo Marcilene, uma reunião entre a Prefeitura e o Comando da Guarda Municipal está marcada para quinta-feira (dia 3), para definir ações mais efetivas. O Comandante adiantou que está em desenvolvimento um projeto para instalação de sistema de monitoramento com inteligência artificial nas unidades de saúde, mas que ainda não há nada definitivo sobre o assunto.

O Conselheiro do CRM-MG e Diretor de Campanhas do SinmedMG, Samuel Pires de Moraes Teixeira, falou sobre a experiência de Belo Horizonte que viu os índices de violência aumentarem após a retirada da Guarda Municipal das unidades de saúde da capital e voltarem a cair após o retorno da vigilância presencial, mas o Comandante da Guarda Municipal de Juiz de Fora, Leandro Barros, reiterou que, no momento, não há contingente suficiente para que isso também seja adotado em Juiz de Fora.

Por medida de segurança, a UBS do Bairro Furtado de Menezes ficou fechada por três dias após o ocorrido. Os atendimentos só foram retomados no dia 30, em horário reduzido, até 13h, para reorganização da equipe, segundo a Secretaria de Saúde.

O caso foi encaminhado para a 6ª Delegacia de Polícia Civil, e os envolvidos foram ouvidos pelo delegado Márcio Savino, que pediu exames periciais. Segundo registro feito na PM, uma pedra, que teria sido usada no ataque à médica, foi encontrada dentro do consultório médico.

Segundo a Secretaria de Saúde, a profissional, que havia começado a trabalhar na UBS cerca de 10 dias antes de ser agredida pela paciente, não deve retornar aos trabalhos na unidade. A previsão é de que ela seja realocada e haja nova contratação para a vaga dela.

Ontem, a equipe do CRM-MG também visitou a UBS Furtado de Menezes, cenário da agressão, encontrando-a, mais uma vez, de portas fechadas. A unidade retomou o atendimento na manhã do dia 30, mas teve o funcionamento interrompido no período da tarde, sob a justificativa de que a equipe haveria requisitado transferência para outra unidade. A visita reforçou a preocupação do CRM-MG com a escalada da violência contra médicos em Minas Gerais e o compromisso da entidade com a segurança no exercício da medicina.

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