Vacinação faz de Serrana/SP um ‘oásis’ entre cidades em colapso pela Covid-19

Fonte: https://g1.globo.com/

Em meio aos fechamentos para frear a Covid-19 nas vizinhas Ribeirão Preto, Cajuru, Brodowski e Altinópolis, com colapso na saúde e escalada de casos e mortes, Serrana (SP), cidade que participou do estudo do Instituto Butantan para avaliar a eficácia da Coronavac em populações inteiras, se tornou praticamente uma ilha, com flexibilização das atividades econômicas e otimismo.

No domingo (30/05), o Fantástico, da TV Globo, divulgou parte dos resultados do Projeto S, iniciado em março e finalizado em abril. Os dados apontam que, após o fim da vacinação, as mortes por Covid-19 caíram 95% na cidade.

Em paralelo à perspectiva otimista em Serrana, 23 cidades nas regiões de Ribeirão Preto e Franca adotaram medidas mais rígidas para reduzir a transmissão do vírus.

Só em Ribeirão Preto, com 711,8 mil habitantes, a taxa de ocupação nas unidades de terapia intensiva (UTIs) está em 94,08% neste domingo, enquanto a cobertura vacinal com duas doses é de 12,49% da população.

Primeiros resultados

Os resultados da pesquisa mostram, ainda, que o número de casos sintomáticos da doença teve uma redução de 80%, enquanto as hospitalizações caíram cerca de 86%. Para os cientistas, o controle da pandemia se deu depois que 75% da população recebeu a segunda dose.

Em abril, Serrana já observava uma queda expressiva na incidência da Covid-19. Após registrar 699 casos em março, o número caiu para 251. As mortes passaram de 20 para 6 no mesmo período.

A pesquisa do Instituto Butantan também revela que, enquanto 15 cidades vizinhas apresentavam aumento no número de casos, Serrana caminhava na contramão e apresentava reduções expressivas.

A apresentação completa da conclusão do estudo ocorre nesta segunda-feira (31), durante coletiva de imprensa do governo de São Paulo.

‘Passo a frente das outras cidades’

Seguindo a fase de transição do Plano São Paulo, que permite a abertura de todos os serviços, com restrições, o prefeito Leonardo Capitelli (MDB) comemora a baixa pressão hospitalar e nos atendimentos de moradores com sintomas do coronavírus diante da vacinação em massa.

Ele afirma que houve uma queda na procura por testes em 40 dias. Antes, entre 160 e 180 pessoas iam à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para saber se estavam infectadas. A taxa de positividade era de 69%.

Depois da aplicação das duas doses da CoronaVac em 98% do público-alvo, correspondente a adultos com mais de 18 anos, exceto grávidas e puérperas, o número caiu para uma média de 30 a 35 atendimentos diários, com cerca de 25% de resultados positivos.

Relação com a região

Nos últimos dias, para evitar o descontrole no fluxo de moradores de outras cidades, principalmente de Ribeirão Preto, para Serrana, que está com supermercados, comércio e restaurantes abertos, uma barreira sanitária foi instalada no acesso à cidade.

A barreira em Serrana fica na entrada da Rodovia Abrão Assed. Os veículos são abordados, sobretudo os de placa de outras cidades, e os agentes da Vigilância Sanitária fazem orientações educativas e preventivas aos passageiros.

Embora apresente média móvel de mortes e infecções menor em relações a cidades do mesmo porte na região, como Orlândia e Pontal, o número de casos entre abril e maio em Serrana apresentou elevação. No mês passado, foram 235 casos positivos. Em maio, são 286 até a última divulgação, na sexta-feira (28).

“Como toda a região teve acréscimo nos casos, Serrana também não foi diferente. A grande maioria desses casos são pessoas que não tomaram a vacina ou então tomaram só uma dose. Então, de forma geral, está bem controlada aqui na cidade”, explica o prefeito.

Em busca da normalidade

Segundo o prefeito, o estudo do Butantan abriu portas para Serrana no mercado de investimentos e também em um cenário de troca de informações com cidades de outras regiões.

Capitelli afirma que faz constantes reuniões com prefeitos do estado de São Paulo e também de fora, como Maceió (AL) e Mossoró (RN).

“A principal curiosidade é em relação à adesão da população, das dúvidas, da desinformação sobre a vacina e nós falamos do trabalho que fizemos com as lideranças de Serrana, lideranças religiosas, com os líderes do comércio, empresários, formadores de opinião”, conta.

Após a vacinação em massa, Serrana também deve ser palco de um grande evento público organizado pelo governo de São Paulojunto ao Instituto Butantan. O objetivo é testar um evento ao ar livre, com música e show, seguindo as devidas medidas sanitárias, inclusive o uso de máscara.

Cooperação internacional

A vacinação em massa também aproximou a cidade do interior paulista com Israel, um dos países que mais vacina contra a Covid no mundo e que já está em processo de vida sem restrições na pandemia.

Nessa semana, o cônsul do país, Alon Lavi, visitou Serrana para compartilhar experiências de cooperação técnica na questão hídrica, agropecuária, educacional e na saúde.

“Já estamos estreitando relacionamentos para futuros encontros. Já foi cogitada nossa ida a Israel para que a gente possa ver de perto como eles trabalham essa situação toda e onde buscam forças para enfrentamento das dificuldades”, diz Capitelli.

A expectativa de Serrana é sair da pandemia em um outro patamar, acelerando ainda mais a recuperação dos setores da sociedade. As aulas presenciais, por exemplo, já estão acontecendo com 35% da capacidade das escolas.

Segundo o prefeito, com foco na retomada econômica, foi aprovado na Câmara um projeto de lei que garante incentivo fiscal e busca atrair novos investimentos.

A aposta da cidade é a localização, com fácil acesso à Rodovia Anhanguera, uma das principais do estado de São Paulo, saída para o Sul de Minas Gerais, proximidade com Ribeirão Preto e estar instalada acima do Aquífero Guarani.

“O impacto social e econômico no município já tem tido muitos reflexos. Nós queremos não ser só a cidade da vacinação em massa, mas a cidade de uma retomada planejada, consciente, que possa se replicar”, afirma.

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